quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O BRASIL GLOBALIZADO

O processo de globalização, integração econômica e cultural dos países, nos mais diversos âmbitos, foi, de certa forma, lento no Brasil, se comparado ao de países como Inglaterra e Estados Unidos.
Na primeira era da globalização, o Brasil se encontrava na posição de colônia de exploração. Pertencíamos a Portugal, que na época era considerado uma potência mundial que estava em plena expansão marítima e comercial. Essa condição de exploração durou mais de 350 anos. Entretanto, com o passar do tempo, foi se intensificando o sentimento nacionalista, o que fez com que o Brasil se tornasse muito maior do que a, até então, Metrópole Portugal. Dessa forma, para continuar no poder, a Corte portuguesa começou a se mostrar flexível frente às normas e restrições que impunha ao país. Até que em 1822, o Brasil conquista a sua autonomia política, finalmente a Independência havia chegado. Os primeiros países a reconhecer a independência do país foram os Estado Unidos e o México. Portugal, por outro lado, exigiu o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas (moeda oficial do Reino Unido) para reconhecer a independência. Sem dinheiro, Dom Pedro, Imperador do país, pediu empréstimo a Inglaterra. 

Os primeiros acontecimentos que impulsionaram a economia brasileira aconteceram com a chegada da família Real ao Brasil. A principal medida foi a abertura dos portos, fábricas e manufaturas de tecidos, antes proibidas pela metrópole. Essa última atividade, entretanto, não apresentou progressos, uma vez que a concorrência com os tecidos ingleses não o permitia. Um segmento que apresentou bons resultados foi a produção de ferro, na Usina de Ipanema, nas províncias de São Paulo e Minas Gerais. Além disso, outras medidas como a construção de estradas, melhoramento dos portos e a vinda de colonos europeus, acabaram por estimular o crescimento das atividades econômicas do país. Outro fator, que foi de suma importância para o desenvolvimento do país alguns anos mais tarde, foi o surgimento do café, que já na época, assumiu o posto de primeiro lugar nas exportações.

Em um país recém independente, o período era de mudanças. A segunda era da globalização é marcada por transformações no cenário político e econômico do Brasil. As revoltas espalhadas pelo país eram numerosas, em decorrência dos problemas sociais e regimes políticos. Em 1888, foi decretado o fim da escravidão. O fim da monarquia aconteceu em 1889, o ano da proclamação da República. O Brasil deixa de ser um Império.

Com a Proclamação da República surgiu a necessidade da elaboração de uma nova Constituição, pois a primeira ainda apresentava valores e ideais monarquistas. Dessa forma, em 1891 elaborou-se de fato outra constituição, que permitiu alguns avanços no âmbito da política. Entretanto, ainda existiam algumas limitações, uma vez que representava os interesses das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. Houve a implantação do voto universal para os cidadãos, exceto mulheres, analfabetos e militares de baixa patente, e a instituição do presidencialismo e do voto aberto, ou seja, não secreto.

República da Espada (1889 – 1894): Com a Proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca surge o início da República da Espada. Nesse período, o Brasil foi governado por militares. Em 1891, o até então presidente Deodoro renunciou, passando o posto para Floriano Peixoto, que intensificou a repressão aos que ainda apoiavam a monarquia.
República das Oligarquias: Diferentemente da República da Espada, a República das Oligarquias é composta por governos civis. O período que vai de 1894 até 1930 é presidido por pessoas ligadas ao setor agrário dos partidos Republicano Paulista (PRP) e Republicano Mineiro (PRM), que controlavam as eleições, de maneira que os dois partidos governassem alternadamente. As políticas implementadas nesse regime beneficiavam o setor agrário, mais precisamente o segmento do café (São Paulo) e do leite (Minas Gerais), a conhecida política café com leite. O último presidente a assumir o controle foi Washington Luis.
A crise da República Velha e o Golpe de 1930: O que aconteceu nesse período marcaria para sempre a história do país. O rompimento da política café com leite entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, desencadeou o surgimento da Aliança Liberal. A Aliança Liberal foi uma junção do PRM e políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul, que lançaram o gaúcho Getúlio Vargas para presidente. Entretanto, ele não ganhou as eleições. Revoltados e alegando fraude por parte do PRP, políticos da Aliança Liberal e militares (descontentes com o regime das oligarquias) provocam a revolução de 30. Vargas assume então a presidência e põe fim a República Velha (1891 a 1930).

República Nova: também conhecida como a Era Vargas, se inicia em 1930 e vai até 1945.  Esse período se caracteriza por um extremo nacionalismo e isolamento do país. Como presidente, Getúlio Vargas procurou fortalecer internamente a economia, instaurou um modelo de desenvolvimento industrial e urbano para que o país não fosse totalmente dependente do mercado externo. Essas providências foram tomadas porque a crise de 1929 derrubou os preços dos produtos de exportação, dentre eles o café. As melhorias de infra-estrutura, os investimentos na indústria de base e as medidas protecionistas foram políticas adotadas pelo seu governo. A consolidação do CLT (Consolidação de Leis Trabalhistas) e a instituição do salário mínimo datam desse período.
Em 1937, Getúlio Vargas dá um golpe de Estado. Para efetivar essa medida, Vargas contou com a ajuda e o apoio de grande parte da população e dos militares, iniciando-se assim um período ditatorial.
A censura aos meios de comunicação, incluindo as manifestações artísticas, a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda, a perseguição dos opositores e inimigos políticos e a repressão as manifestações políticas e sociais, são algumas das políticas do período da ditadura. O controle sobre a população era extremo, e não havia liberdade de expressão. Entretanto, o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota das nações ditatoriais, fez com que a população questionasse a política da época. O desejo pela volta da democracia no país era grande.  Em 1945 então, um movimento militar tirou Getúlio do governo.
Governo Dutra: eleito presidente da República em 1945, Dutra governou até o ano de 1951. Em 1946 elaborou uma nova Constituição, de caráter democrático. Dessa forma, pôs fim a censura, ou seja, deu aos cidadãos o direito de manifestação de pensamentos, assim como o direito de realizar atividades religiosas, estabeleceu que as correspondências não poderiam mais ser violada,  garantiu a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, entre outras ações. Além disso, Dutra rompeu as relações com a União Soviética, em decorrência do comunismo, e alinha o país com os Estados Unidos.
A terceira era da globalização, ou globalização atual, marca a inserção total do país no contexto global.

Em 1951, Vargas retorna ao posto de presidente, através de eleições democráticas, e até o final do seu mandato, em 1954, implanta uma nova forma de governo: o populismo. Populismo é uma forma de governo que visa obter o apoio das massas. Em síntese, utiliza recursos como linguagem simples e popular, propaganda pessoal, ou seja, afirmação de um governo melhor do que o dos concorrentes e comportamento carismático. Algumas das realizações de Vargas nesse período foram a criação de grandes empresas estatais como a Petrobrás e a Eletrobrás, além do Banco de Desenvolvimento Econômico.

Com a entrada de Juscelino Kubitschek (1956 – 1961) no governo, o desenvolvimento industrial do Brasil ganhou outra forma. A atração de multinacionais para o país, e de capital externo para melhorar as indústrias locais, fez com que o Brasil crescesse em áreas estratégicas da economia. A criação do Plano de Metas – cinquenta anos de progresso em cinco – através da expansão industrial, com investimento na produção de aço, alumínio, metais não-ferrosos, papel celulose, borracha, construção naval, maquinaria pesada e equipamento elétrico, fez com que o Brasil elevasse a sua taxa de crescimento industrial em torno de 80%. Foi nesse período também que a indústria automobilística começou a ganhar espaço. Embora o país apresentasse um grande desenvolvimento, o aumento da inflação e da dívida externa foi inevitável.
A Ditadura Militar no país também foi positiva em termos de crescimento econômico. O investimento na indústria transformou o país em uma grande potência. Houve a diminuição da inflação, em 1965, a inclusão da classe média no sistema de crédito, o que aumentou a receita federal. Dessa forma, em 1968 se inicia a fase do “Milagre Econômico”, que dura até o ano de 1973, onde o país cresceu em uma taxa media de 10% ao ano. Além disso, a grande modernização dos sistemas de comunicação e realização de obras gigantescas só complementava o cenário positivo. Por outro lado, a partir de 1973, com a chegada da primeira grande crise do petróleo, a taxa de lucro dos empresários crescia, enquanto os salários dos trabalhadores eram prejudicados, aumento da dívida externa e a subvalorização cambial, juntamente com a ida do capital para os EUA.
A partir da década de 70, até a década de 90, pode-se dizer que o Brasil seguiu crescendo, assim como a industrialização, embora alguns momentos de crise tenham atingido o país, diminuindo as taxas de crescimento. Foi preciso que se passassem duas décadas até que a globalização revigorasse no país, e a inflação de 223% diminuísse a níveis que pudessem ser controlados. Até que em 1990, Collor se elege presidente e adota medidas como abertura da econômica, com diminuição das tarifas de importação e o processo de privatizações. Após o seu Impeachment, em 1992, surge o Plano Real e o governo diminui a sua intervenção na economia. O país começa a se estabilizar. Ocorre então a invasão de bens de consumo e de produção, o crescimento do número de indústrias no país, e consequentemente o número de investimentos estrangeiros e multinacionais. A economia globalizada finalmente toma conta do país. 
O Brasil atualmente é considerado um país emergente, ocupando o 8º lugar no ranking das maiores economias do mundo (PIB em milhões de dólares), com uma economia forte e sólida. Produz e exporta diversas mercadorias, dentre elas destacam-se as commodities minerais, agrícolas e manufaturados, sem contar que as áreas de agricultura, indústria e serviços estão bem estruturadas e desenvolvidas.  

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